No "Dia Mundial dos Jovens", o que chama a atenção são os problemas de audição que aparecem cada vez mais cedo
A juventude, segundo a Assembleia Geral das Nações Unidas, é a fase que acontece entre os quinze e vinte e quatro anos de idade, em que o jovem começa a apresentar sinais de maturidade diante da vida. Os jovens representam mais de um terço da população mundial, e, com isso, ganharam no calendário um dia especial dedicado a eles: o dia 13 de abril. O “Dia Mundial dos Jovens” serve para trazer a tona questões que devem ser discutidas e que envolvem principalmente essa faixa etária. Temas como educação, sexualidade, violência e, claro, saúde, são alguns dos mais visados.
Porém, o tema saúde muitas vezes é deixado de lado erroneamente. “Muitos jovens acreditam que, pelo simples fato de estarem nessa faixa etária, são imunes a problemas de saúde”, comenta Alexandre Cercal, Otorrinolaringologista e membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico-Facial, de Curitiba. Eles estão errados. A prova disso é que em estudo realizado nos EUA, foi constatado que problemas auditivos em jovens entre 12 a 19 anos estão se tornando cada vez mais comuns. O estudo comparou pesquisas feitas no início da década de 90 e meados dos anos 2000 e acabou revelando que em 15 anos, o caso de problemas auditivos nos jovens havia aumentado em 30%.
“O uso de reprodutores de música com um volume superior aos 80 decibéis está provocando um aumento dos problemas de audição nos jovens, e um dos motivos é a capacidade das baterias, por exemplo, dos Ipods, que duram quase um dia inteiro, ininterrupto. Outra questão são os fones de ouvido mais modernos, que são de uso interno e causam mais problemas do que os antigos que somente cobriam os ouvidos”, comenta o especialista. Ele explica que os fones de inserção são mais perigosos porque potencializam o som. Quando a fonte sonora é externa, há uma perda de energia vibratória no caminho entre ela e o ouvido, mas com o fone dentro do ouvido, não há essa perda.
Outra questão que envolve principalmente essa faixa etária são pessoas que vão para baladas e shows e, depois de saírem do local, permanecem com apitos, assobios ou barulhos no ouvido que permanecem ali durante horas. “Quando qualquer coisa nesse sentido acontece, é mais do que aconselhado que o indivíduo procure um especialista para iniciar um tratamento preventivo com o objetivo de evitar o surgimento de zumbidos, que, se não tratados com cuidado, podem chegar a ser crônicos”, alerta Cercal.
Além desses ruídos, ainda existem aqueles que são causados por explosões ou fogos de artifício, que provocam um som muito intenso e rápido e podem causar trauma acústico e até perda de audição súbita. “Ficar exposto a esses ruídos também lesiona as células auditivas, e o processo da perda de audição, causado naturalmente pelo envelhecimento, pode ser acelerado, ou seja, as células morrem antes do tempo e a perda é percebida mais cedo”, observa o especialista.
Alexandre Cercal comenta que, para preservar a audição não é preciso muita coisa, apenas cuidado e atenção. “Fique atento à altura do som que está ouvido e ao tempo que ele dura, a gravidade da possível lesão depende da combinação entre tempo de exposição, intensidade (altura) e da suscetibilidade de cada pessoa. Se for ouvir música com fones de ouvido, como regra geral 85 decibéis, durante oito horas diárias, é a intensidade e o tempo máximos de exposição que o ser humano suporta sem ser prejudicado. E lembre-se as lesões causadas pelo uso contínuo e alto volume de Ipods e MP3 players em geral não são reversíveis”. O doutor explica que no início do abuso existe uma perda de audição transitória, que se recupera após um "descanso" auditivo. Porém, após algum tempo, essa recuperação não acontece mais, e a perda de audição vai se tornando progressivamente maior. “Portanto, prevenir é sempre o melhor remédio”, conclui Cercal.