O zumbido somatossensorial é causado por disfunções músculo-esqueléticas, dentre as quais a síndrome dolorosa miofascial é uma das mais comuns, em paciente com audiometria e exames auditivos normais. A síndrome dolorosa miofascial é caracterizada pela presença de dor regionalizada e pontos gatilho miofasciais, que são nódulos hipersensíveis localizados em uma banda muscular tensa palpável e que produzem dor local e referida à distância (Travell e Simons, 1998).
Observamos forte relação entre zumbido e pontos gatilho miofasciais (Rocha e Sanchez 2007, 2008, 2012). A chance é quase cinco vezes maior de um indivíduo com zumbido apresentar pontos gatilho miofasciais.
A palpação acarreta alta prevalência de modulação da intensidade ou do tipo de som do zumbido. Observamos que os músculos mais relacionados à modulação seriam aqueles localizados próximos à região da cabeça.
Os pacientes com zumbido têm chance quase três vezes maior de apresentar queixas de dor. A melhora do zumbido tem relação direta com a melhora do quadro doloroso (Rocha e Sanchez 2012).
Também nos casos de bruxismo, existe uma relação direta, onde quem apresenta dor orofacial têm maior chances de apresentar zumbido (Camparis et al., 2005).
A associação entre a via auditiva e somatossensorial se dá a partir de conexões subcorticais, no núcleo coclear dorsal do tronco encefálico. É neste ponto chave que se encontram os neurônios multitarefas que captam sinais tanto da via auditiva como da via somatossensorial. Encontramos a razão pela qual o bruxismo modularia ou produziria o zumbido. (Koehler et al., 2013).
Objetivando desativar os pontos gatilho miofasciais relacionados ao zumbido, existem hoje vários tratamento baseados em evidência científica.
Temos a miofasciaterapia (Rocha, 2012), técnica de terapia manual que consiste em aplicar pressão digital nos pontos gatilho miofasciais, seguido de manobra miofascial que é semelhante a um alongamento.
Existem também o uso do TENS (estimulação elétrica transcutânea) próximo à região da orelha (Herraiz, 2007), terapia por fotobiomodulação (Okhovat A, 2011),. a terapia manual do Atlas (Kaute, 1998), osteopatia/quiropraxia (Kessinger, 2000) e auriculoterapia (Okada, 2006). Outras técnicas específicas para a região temporomandibular também são reconhecidas em vários artigos publicados.
No nosso consultório selecionamos após várias pesquisas e realizamos a estimulação elétrica cérvico-mandibular por TENS e a terapia por fotobiomodulação (low level laser therapy), além de toda a avaliação otorrinolaringológica, para um tratamento global do zumbido.